terça-feira, 20 de agosto de 2013

Um pouco do meu livro

Uma visão romântica que não tem mais finalidade:


Ainda se discute aqui no Brasil qual a melhor definição para o termo: Logística.
Lógico que, para isso, precisa-se entender que a afirmação pode ser relativa. Há muitas empresas que empregam e utilizam a Logística de uma forma mais moderna e cabal. Efetivam-se princípios acadêmicos e corretos e buscam inovações que aperfeiçoem as práticas logísticas. Porém, para alguns, a melhor definição de Logística ainda é entendida como um caminhão na estrada transportando alguma coisa de lá para cá. Não conseguem entender que a movimentação e transporte de mercadorias é uma parte logística e não o seu todo.
Princípios já superados pelo aperfeiçoamento de novas técnicas e tecnologias ainda não se incorporaram a esse pensamento. Assim, princípios adequados da arte administrativa ficaram restritos, talvez, a mera informação Fordista, ou, se houve aperfeiçoamento, ainda estão no degrau ocupado por Taylor. Falta muito para alcançar Peter Druker e pensadores mais modernos.
Ao contemplarmos a Logística Integrada Empresarial (ou Industrial, conforme queiram chamá-la) precisamos adequar nossas práticas e nosso pensamento a esse desenvolvimento ocorrido e contemplado na linha do tempo.

Uma visão rápida do desenvolvimento logístico:

Quando começou esse negócio? Lógica!
Temos de remontar a história. Nela – nas páginas da História – contemplaremos tanto o surgimento quanto ao desenvolvimento do processo logístico.
Um pouco de história não faz mal!
Desde a antiguidade os líderes militares já utilizavam da logística para tramar suas guerras e “escapadelas” (prostituições).
As guerras eram longas e geralmente distantes. Deslocamentos de recursos, tropas, armamentos e carros de guerra pesados aos locais de combate eram necessários. Para isso carecia de planejamento, organização e execução de tarefas logísticas que envolviam a definição de uma rota, nem sempre aquela mais curta, pois também careciam de fonte de água potável próxima, transporte, armazenagem e distribuição de equipamentos e suprimentos.
Na antiga Grécia, Roma e no Império Bizantino os militares – somente aqueles que ostentavam o título de Logistikas – eram os responsáveis por garantir recursos e suprimentos para a guerra. Eram os estrategistas e planejadores.
Carl von Clausewitz dividia a Arte da Guerra em dois ramos: a tática e a estratégia. Não falava especificamente da logística, porém reconheceu que "em nossos dias, existe na guerra um grande número de atividades que a sustenta (...), que devem ser consideradas como uma preparação para esta".
Quem foi Carl Phillip Gottlieb von Clausewitz (Burg, 1 de junho de 1780 — Breslau, 16 de novembro de 1831)? Foi um militar da Prússia (hoje parte da Alemanha) que ocupou o posto de general e é considerado um grande estrategista militar e teórico da guerra.
É a Antoine-Henri Jomini, ou simplesmente Jomini, contemporâneo de Clausewitz, que se deve, pela primeira vez, o uso da palavra "logística", definindo-a como "a ação que conduz à preparação e sustentação das campanhas", enquadrando-a como "a ciência dos detalhes dentro dos Estados-Maiores".
Quem foi Antoine-Henri Jomini? Barão Antoine-Henri Jomini, foi o principal teórico militar da primeira metade do século XIX, tendo participado das campanhas napoleônicas. Escreveu “Sumário da Arte da Guerra” em 1836, onde dividiu a arte da guerra em cinco atividades: estratégia, grande tática, logística, engenharia e tática menor.


Em 1888, o Tenente Rogers introduziu a Logística, como matéria, na Escola de Guerra Naval dos Estados Unidos da América. Entretanto, demorou algum tempo para que estes conceitos se desenvolvessem na literatura militar. A realidade é que, até a 1ª Guerra Mundial, raramente aparecia a palavra Logística, empregando-se normalmente termos tais como Administração, Organização e Economia de Guerra 3.

A verdadeira tomada de consciência da logística como ciência teve sua origem nas teorias criadas e desenvolvidas pelo Tenente-Coronel Thorpe, do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América que, no ano de 1917, publicou o livro "Logística Pura: a ciência da preparação para a guerra". Segundo Thorpe, “a estratégia e a tática proporcionam o esquema da condução das operações militares, enquanto a logística proporciona os meios". Assim, pela primeira vez, a logística situa-se no mesmo nível da estratégia e da tática dentro da Arte da Guerra.
O Almirante Henry Eccles, em 1945, ao encontrar a obra de Thorpe empoeirada nas estantes da biblioteca da Escola de Guerra Naval, em Newport, comentou que, se os EUA seguissem seus ensinamentos teriam economizado milhões de dólares na condução da 2ª Guerra Mundial. Eccles, Chefe da Divisão de Logística do Almirante Chester Nimitz, na Campanha do Pacífico, foi um dos primeiros estudiosos da Logística Militar, considerado, portanto, como o "pai da logística moderna".
Até o fim da Segunda Guerra Mundial a Logística esteve associada apenas às atividades militares. Após este período, com o avanço tecnológico e a necessidade de suprir os locais destruídos pela guerra a Logística passou também a ser adotada pelas organizações e empresas civis.

A Logística no processo industrial:

Fundamentalmente a logística possui uma visão organizacional holística, ou como eu costumo instruir meus alunos, episcópia, do grego epi “de cima" e skopos "visão - ver" significando que a visão dever ser de cima, proporcionando uma "supervisão", portanto sendo holística ou episcópica, a visão que se deve ter da empresa é no seu todo e jamais somente de suas partes.
A logística militar, geralmente conhecida como serviço de apoio ao combate, está normalmente dirigida à condições desconhecidas, como as previsões incertas. Estas podem reduzir a incerteza sobre os fornecimentos e serviços que serão necessários, onde e quando serão necessários ou mesmo a melhor maneira de os fornecer.
A logística militar compreende o tempo e espaço em guerra: equipando, fornecendo, movimentando e mantendo os exércitos (Huston, 1988, p.7). O trabalho dos economistas na logística militar é calcular o custo de guerra para um país (Kane, 2001, p.2).
A departamentalização da empresa foi efetuada com a finalidade de administrar os recursos materiais, financeiros e pessoais, onde exista movimento na empresa, gerenciando desde a compra e entrada de materiais, o planejamento de produção, o armazenamento, o transporte e a distribuição dos produtos, monitorando as operações e gerenciando informações visando lucro.
Vivemos uma época em que a sociedade é cada vez mais competitiva, dinâmica, interativa, instável e evolutiva. Exige-se uma adaptação a essa realidade cada vez mais necessária para que as empresas consigam conquistar e fidelizar clientes. A globalização e o curto ciclo de vida dos produtos obrigam as empresas a inovarem rapidamente nas suas técnicas de gestão. Os produtos rapidamente se tornam commodities, quer em termos de características intrínsecas do próprio produto, quer pelo preço, pelo que cada vez mais a aposta na diferenciação deve passar pela otimização dos serviços, superando a expectativa de seus clientes com atendimentos rápidos e eficazes.
Commodity é um termo de língua inglesa que, assim como o seu plural commodities, significa mercadoria. É utilizado nas transações comerciais de produtos de origem primária nas bolsas de mercadorias. Usada como referência aos produtos de base em estado bruto (matérias-primas) ou com pequeno grau de industrialização, de qualidade quase uniforme, produzidos em grandes quantidades e por diferentes produtores. Estes produtos "in natura", cultivados (soft commodity) ou de extração mineral (hard commodity), podem ser estocados por determinado período sem perda significativa de qualidade. O que torna os produtos de base muito importantes na economia é o fato de que, embora sejam mercadorias primárias, possuem cotação e negociabilidade globais; portanto, as oscilações nas cotações destes produtos de base tem impacto significativo nos fluxos financeiros mundiais, podendo causar perdas a agentes econômicos e até mesmo a países. O mercado de derivativos surgiu como uma proteção aos agentes econômicos contra perdas provocadas pela volatilidade nas cotações dos produtos de base.
O tempo em que as empresas apenas se orientavam para vender os seus produtos sem preocupação com as necessidades e satisfação dos clientes terminou. Hoje já não basta satisfazer; é necessário encantar.
Os consumidores são cada vez mais exigentes em qualidade, rapidez e muito sensíveis aos preços, obrigando as empresas a uma eficiente e eficaz gestão de compras, gestão de produção, gestão logística e gestão comercial.
Tendo consciência desta realidade e dos avanços tecnológicos na área da informação, “é necessária uma metodologia que consiga planejar, implementar e controlar da maneira eficaz e eficiente o fluxo de produtos, serviços e informações desde o ponto de origem (fornecedores), com a compra de matérias primas ou produtos acabados, passando pela produção, armazenamento, stockagem, transportes, até o ponto de consumo (cliente)” (Alves, Alexandre da Silva; 2008; 14).
De forma simplificada podemos identificar este fluxo no conceito de Logística.No entanto, o conceito de Logística tem evoluído ao longo dos anos. A partir da década de 80 surgiu o conceito de logística integrada “impulsionada principalmente pela revolução da tecnologia de informação e pelas exigências crescentes de desempenho em serviços de distribuição”. Pela definição do Council of Supply Chain Management Professionals, "Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes" (Carvalho, 2002, p. 31).
Para que esse gerenciamento seja efetuado corretamente há todo um ferramental que a Logística utiliza. Entre tantos ferramentais citamos:
O WMS, Warehouse Management System, em português - literalmente: sistema de automação e gerenciamento de depósitos, armazéns e linhas de produção. O WMS é uma parte importante da cadeia de suprimentos (ou supply chain) e fornece a rotação dirigida de estoques, diretivas inteligentes de picking, consolidação automática e cross-docking para maximizar o uso do valioso espaço do armazém.
O TMS, Transportation Management System, que é um software para melhoria da qualidade e produtividade de todo o processo de distribuição. Este sistema permite controlar toda a operação e gestão de transportes de forma integrada. O sistema é desenvolvido em módulos que podem ser adquiridos pelo cliente, consoante as suas necessidades (Gasnier et al., 2001).
O ERP, Enterprise Resource Planning ou SIGE (Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, no Brasil) são sistemas de informação que integram os dados e processos de uma organização em um único sistema. A integração pode ser vista sob a perspectiva funcional (sistemas de: finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras, etc) e sob a perspectiva sistêmica (sistema de processamento de transações, sistemas de informações gerenciais, sistemas de apoio a decisão, etc).
O MRP, Material Requirement Planning (planejamento das necessidades de materiais, PNR).
Há outros ferramentais não declinados aqui.
Nossa intenção nesse trabalho é nos dedicarmos com exclusividade ao WMS, portanto, mesmo entendendo o perigo da flagmentação do tema, se necessário tocaremos nos demais ferramentais de soslaio, mas, dedicando o tempo necessário a estudar apenas a área desmembrada do armazenamento.
Vamos, portanto ao que intentamos. E que a terra nos seja leve!

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